Thursday, January 22, 2009

O Flanelista

Depois de hoje ter me aventurado a andar em cima das aguas congeladas do lago daqui perto de casa (post anterior), resolvemos sair pra comer pizza. Conversa vai, conversa vem e nao sei como chegamos no assunto dos "Flanelinhas" cariocas.

Deixa eu explicar primeiramente como Al aprendeu e nunca mais esqueceu essa palavra. Anos atras, minha amiga Sara me mostrou um livro que tinha comprado chamado "How to be a carioca", escrito por uma americana ja morando ha decadas no Rio. O livro e' simplesmente hilario e descreve verdadeiramente cada detalhe do povo carioca. Se voces tiverem a oportunidade de le-lo, nao percam a chance, principalmente os cariocas - eu cai de rir. So que acho que o livro original e' em ingles.

Entao comprei uma copia pra mim e dei pro Al ler. E em algumas horas, aprendeu direitinho a se enturmar com os cariocas e os truques e manhas que sao usados por la. Um deles foi os Flanelinhas. Sera que tem flanelinhas em outros estados? Sao aqueles pedindes, voando pra cima de voce assim que estaciona seu carro, dizendo que vai "tomar conta" dele enquanto esta estacionado e ate voce voltar. Vem com um pano todo sujo e esfarrapado querendo "limpar" seu carro tb (pelo menos os vidros). E ainda querem dinheiro quando voce volta ao seu veiculo.

Al nao acreditou que tem disso la no Rio e se acabou de rir. Disse que e' a coisa mais idiota que ja ouviu na vida e que se existissem aqui, os primeiros ja teriam sido colocandos no porta-malas de um carro e nunca mais aparecido na face da terra. E dai nunca mais esqueceu essa palavra. O ensinei a pronunciar o 'nh' direitinho e acho super fofo quando ele o fala.

Mas voltando a conversa na pizzaria... ele comecou a contar sua estoria: um belo dia, estava dirigindo pelas ruas do Rio com seu mustang novinho e ao estaciona-lo, um Flanelinha apareceu do nada e ja foi esfregando esse farrapo no seu carro. Ao arranha-lo, Al ficou irado e comecou a eliminar cada flanelinha que via na sua frente. Tudo isso bem discretamente, e se tornaria um super heroi dos brasileiros, pois muita gente seria grata a nao ter mais esses Flanelinhas pra encher o saco. So que aos poucos algumas pessoas descobriram quem ele era e viraram seus fas e seguidores chamados de "urubus", pois limpariam a bagunca e a evidencias como uma troca de favor.

Detalhe: ele falou "urubu" em Portugues mesmo - o ensinei essa palavra anos atras e ele tb nunca mais esqueceu. Toda vez que ele usava uma palavra em Portugues, eu achava a historia mais engracada ainda.

Continuou dizendo que iria usar um daqueles "trench coats" (os longos pra poder esconder sua arma longa ou metralhadora), mas ai eu disse que isso nao ia dar certo. Se ele quisesse fazer tudo discretamente, que nao poderia usar uma coisa dessas no meio do Rio, pois la faz sempre calor. Ai ele diz: "Oh... I forgot!" (esqueci) - e passou a dizer que entao usaria o proprio farrapo deles mesmo como arma.

E a historia continuou por um tempao e eu ja estava chorando de rir. O que nao aguentei foi quando ele disse que seria conhecido como o "Flanelista", fiquei ate com a barriga doendo de tanto rir e sem ar... Nossa, so ele mesmo! Se voces estivessem la e ouvissem o jeito que conta uma estoria... ele e' um barato! Foi muito hilario.

14 comments:

Cynthia Zanon said...

Eu tenho esse livro...na minha opiniao eh muitoooooooooooooo engracado...e incrivel como uma pessoa conseguiu com bom humor explicar TAO BEM como as coisas funcionam no Brasil e principalmente no Rio.

Luciana Håland said...

Ah, que pena, esse acho que não vou encontrar pra ler. De repente você pode colocar umas partes do livro aqui no blog.
Olha, flanelinha é uma peste que tá espalhada no Brasil inteiro. Entendo a crise e tudo mais, que a galera tenta se virar de todo jeito, mas acontecem muitos crimes praticados por eles, ou com a ajuda deles. Lá por Natal, que ainda é uma cidade pequena se comparada a Rio e São Paulo, eles acabam sendo um problema, porque muito constrangem mesmo a pessoa a pagar, até ameacam.
Beijos

Cila Bairral said...

o um esclarecimento pro Al.

A expresao flanelinha surgiu por causa dos panos sujos sim, mas hoje em dia os flanelinhas, ou melhor, guardadores de carros, sim, hj essa merda eh legalizada, usam coletes de identificacao e cobram absurdos 3 reais por 2 hrs de estacionamento com autorizacao da prefeitura que controla tudo com um carne, coisa q nunca funciona pq todos sao corriptiveis no brasil NAO USAM MAIS OS PANOS ASSASSINOS!
hahahahaha

hoje em dia, ser "flanelinha"eh profissao e vou te falar que eh mto mais rentavel que ser advogado, como eu...

uma x passou uma reportagem no fantastico c uns caras dizendo q tiram 5/6 mil reais/mes... eu nao ganho isso nem em sonho....

é uma puta mafia, dificil de entrar, rentavel, e SEM PANINHO! hahahaha

Cila Bairral said...

ah, eskeci, tem no brasil todo sim.. procura no google q vc ve a questao da legalizacao dos guardadores...

PS": EU ODEIO FLANELINHA OU QQ COISA DO GENERO!

Beth/Lilás said...

Ai, que eu rolei de rir aqui sozinha!
Precisamos 'urgente' de um super herói como o Al aqui. Eles se proliferaram e já devem estar na 10a. geração de flanelinhas. Uma visão dos infernos, realmente!
Em S.Francisco, parecem um bando de 'urubus' quando vc chega à noite para ir a algum restaurante da orla.
Quanto aqueles que limpavam o carro com um pano sujo e uma garrafa pet na mão com detergente, sumiram um pouco.
Agora, são mais profissionais, só querem tomar conta do seu carro e ainda tem a petulância de pedir dinheiro adiantado, pois depois de uma certa hora teem que ir embora. Não damos de jeito nenhum!

Mas, isso já virou produto de exportação, pois meu marido viu agora há 3 meses atrás, em Portugal, vários deles. Não sabemos de onde vieram, mas, com certeza, só pode ter sido daqui do país das bananeiras. haha

Adorei a estorinha do Al Super herói Flanelista!

Socoooorro, quem poderá me salvar dos malditos flanelinhas cariocas!!!! Eu, Super Herói Flanelista - Al o Invencível!
kkkk


bjs cariocas pros dois

Flávia e Anderson said...

então, eu já vi esse livro. mas nem quis abrir achando que era mais um daqueles manuais que acho ridículo feito pelos americanos. vou dar uma verificada.

sobre a estória, deve ter sido hilária mesmo. as vezes, quando podemos, também saimos para comer um pizza e surgem estórias assim. claro da minha parte. rsrsrs.

mas como é bom poder rir ao lado de quem ama né?

abraço.

Georgia said...

Lucia, nao conheco o livro. O Christian tb fala o "nh e o lh" das palavras. mas que fica engracado, ah, isso fica.

bjus

Laurinha said...

Odeio flanelinhas, la no Recife tem tambem. Meu pai chama dos "donos da rua". Acho isso uma mafia que a prefeitura deveria cuidar de eliminar. Se voce nao deixar um cara desses "tomar conta" eh pior, que eles vem e amassam, riscam o seu carro, cortam o pneu, um inferno.

Lúcia Soares said...

Aqui em Belo Horizonte, eles proliferam. Em alguns pontos, principalmente em dias de festas, eles pedem o $$$ adiantado e ai de quem não dá...Mas no geral, são mesmo pessoas desempregadas, fazem isso como um "bico" (emprego temporário)e alguns até fazem amizades,dependendo do ponto em que atuam e por quanto tempo. Dá pra tirar um dinheirinho bom, sim! Muitos fazem disso seu emprego mesmo. Mas não têm nenhum direito, nenhuma regalia, vivem sob o sol, a chuva, os transtornos da noite, enquanto o povo se diverte em festa, bares, etc. Como em qualquer atividade, há os bons e os maus. Há gente honesta e marginais, até. Acaba que viraram "uma mal necessário".

Lucia Cintra said...

Ah Lucia, me desculpa, mas essas pessoas nao tem direito nenhum de fazerem isso. Na minha opiniao nao e' emprego, e' sim manipulacao.

Se alguem desse na telha de fazer isso por aqui, imediatamente estaria indo pra cadeia e que vergonha o governo brasileiro permitir esses vagabundos fazerem isso. Ninguem e' obrigado a dar dinheiro pra outra pessoa pra simplesmente "vigiar" o carro. Vigiar o que? O carro vai sair dali sozinho?

O pior e' que se nao dao, voce corre o risco de ter seu veiculo vandalizado? Que e' isso? Por isso o Brasil esta do jeito que esta, pois coisas assim sao legalizadas. O cumulo do absurdo!!!

E depois as pessoas ficam querendo que o Brasil melhore. Agora me diz como, se isso e' normal?

Lúcia Soares said...

Lucia, minha querida, a questão aqui no Brasil é muito diferente! Esqueceu que este é um país "pobre"?! (pobre de espírito, pq desde que nasci que ouço que o Brasil "é o país do futuro"). Uma parcela enorme da população tem que fazer de seu meio de vida uma atividade alternativa, pois não têm (ou não querem ter) acesso à educação e daí não conseguem se profissionalizar.O que acontece aqui, vc não faz idéia! Ainda assim, é um país "abençoado por Deus e bonito por antureza". Se a gente fosse falar de como estamos, acabaria assustando você! Mas não deixe de vir aqui, nem tudo é tão feio como se pinta.Há esperança, "um dia as coisas se ajeitam".

Cila Bairral said...

Eu discordo totalmente da lucia soares...

quem vive aki sabe mto bem que flanelinha eh uma mafia e eh uma mafia extremamente bem rentavel... alias, eh mto dificil entrar nisso.

Como ja disse, ja foi comprovado pela Tv que eles ganham mais do que mta gente que trabalha certinho, de carteira assinada e etc, alias, ganham mais que eu.

Nao pagar flanelinha eh pedir pra vandalizarem o veiculo sim... uma x, com meu carro anterior, nós nao tinhamos todo o dinheiro trocadinho q eles pediram, e meu noivo deu so a metade, q era o q tinhamos, e avisou q daria o resto na volta.

Eramos nos 2 no nosso carro e mais um casal em outro.

Qndo voltamos meu carro tava com um rasgo de ponta a ponta na pintura. e o carro do outro casal com os 4 pneus arriados.

Eles sao vagabundos sim, e fazem isso por opcao pq cobrar 10 reais pra olhar um carro numa noite (geralmente pedem de 5 a 10 reais) eh o cumulo do absurdo e qndo chegamos pra buscar nunca tem ng olhando o carro, ou seja, eh so uma extorcao consentida.

eu reitero q odeio flanelinha e se fosse o Al assassinava todos eles.

Lucia Cintra said...

Lucia, tenho que concordar com a Cila. O Brasil e' um pais pobre, pq as pessoas o fazem desse jeito. No dia que cada um conseguir enxergar que depende de cada pessoa pra fazer algo melhor acontecer, talvez ai sim o pais consiga seguir na direcao certa.

Nao e' por falta de opcao que a pessoa vai virar pra uma vida de crime. Nao acredito que seja a unica solucao, por mais dificil que a situacao do pais esteja. Se ha pelo menos so um pouquinho de integridade no coracao, tenho certeza de que estariam fazendo algo diferente.

E pagar esses flanelinhas, so serve pra incentivar e continuar esse crime... e' crime e exploracao, pois sabemos muito bem que nao "vigiam" nada os carros. E ainda os vandalizam quando a pessoa no seu direito nao quer dar dinheiro? Nunca vou achar isso certo.

E como ficam as pessoas que trabalham duro pra conseguir ter o que tem, quando finalmente conseguem comprar um tao desejado carro? Pq nao podem ter o direito de estaciona-lo na rua sem ter que submeter a essa exploracao? E ainda tem que ficar com medo de terem seus carros, comprados com tanto suor, vandalizados?

Desse jeito, o pais vai continuar do jeito que esta, sem duvida nenhuma. Predico que pode ate piorar ate alguem dar um basta nisso. Nao devemos colocar culpa na falta de educacao (o que a proposito, e' culpa somente da pessoa se escolheu nao estudar), ou em qualquer outra coisa. Cada uma e' responsavel pelo que faz, todo mundo tem escolhas todo dia de suas vidas...

Um dia o povo brasileiro tera que dar um basta nisso... e acho que tera que ser uma coisa bem violenta e radical, infelizmente.

Cristiane said...

Lembrei de uma história super engraçada que aconteceu com minha amiga. Quando todas nós fazíamos estágio para a faculdade lá em Brasília, nós tínhamos que estacionar o carro no Setor Comercial Sul para ir ao estágio. O SCS é bem conhecido por ser um absurdo de trânsito e falta de estacionamento. Pois bem, levava uns 30 minutos para nós podermos parar o carro, mas daí o "flanelinha chefe" daquele setor se "apaixonou" pela minha amiga e depois disso, ela sempre tinha vaga bem em frente ao prédio que tínhamos que ir. Era muito cômico! Uma vez, ele até deixou um recadinho na porta do carro dela, mas daí ela começou a ficar com medo e a irmã dela a deixava no estágio, ou outra pessoa. Foi algo "meio perigoso", mas ainda assim super engraçado. Até hoje morremos de rir com isso!
Beijos