Thursday, April 1, 2010

Blog do Shrek

Meu pai de vez em quando me manda uns emails com mensagens pedindo pra eu colocar no meu blog. A ultima vez que recebi um desses emails, pensei: Ele devia fazer um blog pra ele. Varias pessoas que passam por aqui e que o "conhecem" pelos comentarios que deixa, ja mencionaram que adoram o que ele escreve, entao isso foi mais um incentivo ou aquele empurraozinho pra eu insistir que ele abrisse um blog so seu.

Como ja mencionei antes, meu pai eh uma das pessoas mais cultas e com a mente aberta que ja conheci. E nao digo isso por ele ser meu pai, varias outras pessoas tem a mesma opiniao. Ele fala varias linguas, ja viajou o mundo afora, se interessa, estuda e tenta aprender sobre tudo quanto eh assunto que voce possa imaginar, le quinhentos livros por ano... E eh incrivel como voce se sente a vontade ao seu redor, eh uma dessas pessoas simpaticas que passa horas te instruindo, debatendo e conversando durante um tempao sobre qualquer coisa nesse mundo.

Bom, entao o ajudei a abrir um blog ha umas semanas atras, mas ele ainda nao postou nada e continuava falando pra eu colocar aquele texto que me mandou aqui. Meu pai fica falando que nao tem tempo pra blog e ele acha que ter um blog significa escrever nele todo santo dia. Expliquei que nao eh todo mundo que faz ou mesmo tem tempo de escrever todo dia e que nao era uma obrigacao.

E ontem, quando ele me perguntou sobre o texto novamente, falei que ia comecar o blog pra ele. Entao estarei colocando esse texto que ele me mandou aqui e uma copia la no blog dele pra comecar. O blog dele eh esse aqui - http://eduardoulhoacintra.blogspot.com/

Voces que acompanham seus comentarios aqui no meu, vou pedir uma ajudinha pra convence-lo: Se quiserem comentar no blog dele pra incentiva-lo mais ainda, seria legal. E quem acha que ele devia comecar e manter esse bloguinho so seu, levanta a mao! rsrs

O Texto:

PARADIGMA
DEVEMOS MUDAR DE OPINIÃO?

Encontramos no dicionário Houaiss a seguinte definição de paradigma: "um exemplo que serve como modelo; padrão"; eu me refiro a ele como uma referência que temos e que ampara nossas convicções.

Muitos anos atrás, no Brasil, eu assisti a um filme sobre mudanças de atitude que narrava a seguinte historia real (que vou resumir): O escritor americano Lauren Eisely estava de ferias em uma cidade costeira e costumava ir à praia para buscar inspiração. Um dia, depois de uma forte tempestade durante a noite, indo de manhã à praia, ele observou que um jovem estava exercendo uma atividade inusitada. Ele apanhava estrelas do mar que haviam ficado encalhadas na areia sêca devido à tempestade, corria até a água e as arremessava longe; a seguir, sempre correndo, retornava à areia e apanhava mais estrelas, e repetia a operação.

Lauren então se dirigiu ao jovem e perguntou-lhe o que estava fazendo. Este retrucou que estava salvando as estrelas do mar, pois logo o Sol ficaria muito forte e as mataria. Sorrindo para consigo diante da ingenuidade do jovem, o escritor, do alto de sua experiência de vida, disse-lhe que o que ele estava fazendo não faria nenhuma diferença, afinal a praia era muito grande e estava coalhada de estrelas que certamente iriam morrer. O jovem não poderia salvá-las a todas.

O rapaz parou um pouco e sem responder correu, apanhou uma estrela e a arremessou ao mar; depois disso foi ao encontro do escritor e disse-lhe: "fez diferença para essa estrela". O escritor ficou estupefato com essa resposta. Ele escreveu o seguinte: "I walked away and kept walking for a long time. Then I returned to the boy who was still there, picking up and throwing the starfish into the sea. I silently picked up a starfish and threw it into the sea. And we did this together for a long time." (ele refletiu por um tempo, voltou e passou a ajudar o rapaz a jogar as estrelas no mar).

Minha intenção ao mencionar a historia é indicar o paradigma e a conseqüente mudança de atitude. O paradigma para Eisely era que, se não se pode mudar significativamente os fatos então não vale a pena fazer nada, pois não faz diferença. Depois da experiência na praia, ele o substituiu por outro paradigma: seja o que for que você fizer, mesmo que muito pouco, sempre vai fazer diferença para quem está envolvido. Mudar de opinião não é sinal de fraqueza, de falta de convicção, de indecisão; pelo contrário, é sinal de que se aprendeu algo que melhorou o conhecimento anterior.

Todas as pessoas têm opinião formada sobre tudo o que sabem. Naturalmente elas discriminam os outros que divergem de suas opiniões. Vemos então discussões onde um não ouve o outro, ao contrário, cada um busca convencer o outro de que são as suas opiniões que estão certas e não as dele. Muito comum quando alguém está expondo uma opinião que não concordamos é não prestar atenção ao que essa pessoa está falando e sim enquanto ela fala, ficar pensando na resposta que vamos dar contrária ao que está sendo dito. A atitude correta é escutar atentamente e indagar como essa pessoa chegou a conclusões tão diferentes das nossas.

Sempre aprendemos com isso e o resultado é inevitavelmente um dos três: 1) a pessoa está errada, pois as referências apresentadas não são tão convincentes quanto as nossas, portando reforçamos nossa opinião; 2) a pessoa está certa e as nossas referências não se sustentam diante do que foi apresentado, então mudamos de opinião, ou 3) algo intermediário e então corrigimos e aprimoramos nossas opiniões.

Pittsburgh, Fevereiro 2010
Eduardo Ulhoa Cintra

12 comments:

Mila Viegas said...

Já até comentei lá! rs... Muito bom!!! Vamos fazer a cara do gato de botas pra ver se ele se compadece... rsrs.
beijocas

Luciana Håland said...

Mais tarde volto pra ler o texto todo e ver o blog do seu pai. Essa semana li um comentário que ele deixou aqui no seu blog e gostei muito, já li outros antes também, e fui inclusive ver se ele tinha blog, mas nada, então adorei a ideia dele escrever, espero que ele se empolgue, pois realmente escreve muito bem e tem ideias ótimas.
Beijo

Marlia said...

Lucia,

Quando li um dos últimos comentários do seu Pai fui até o perfil dele para ver se ele tinha blog. Nada... e pensei, como um pessoa que escreve tão sensatamente não tem um blog para compartilhar seus pensamentos....
Que bom que voce o criou pra ele... agora podemos acompanhá-lo também. Já o visitei e gostei muito do primeiro post... nos faz refletir.
Marlia

Beth/Lilás said...

Mas, já não é sem tempo que o Eduardo tinha que ter um blog, inclusive, já tinha dito a você e a ele!

Mas, cadê o link do blog dele, não apareceu!

Ótimo texto!

bjs cariocas

Fernanda said...

Com certeza vou la conhecer o blog do seu pai.
Beijinhos!

Lucia Cintra said...

Web-mae, coloquei dois links pro blog dele. Veja no quarto e quinto paragrafos, os links em azul. bjos

Eduardo said...

Lucinha, depois de tanta propaganda que voce anda fazendo, depois de voce ter feito o "meu" blog, colocado mensagem e tudo, eh por livre e expontanea pressao que assumo o nenem. Agora tenho que sair mas depois vou olhar essa casinha no meio do mato em cuja entrada ha uma placa: blog, e que eu herdei de voce. Falta agora voce me dar a chave para entrar e aprender a me situar la dentro. Fica em suspense a reacao dos blogueiros e blogueiras com muito mais tempo de cadeira que eu, sabe como eh; todos receiam um ogre mas espero que depois que o conhecam ele possa faze-los rir.
Beijos
Dad

Liza Souza said...

Lu,
vc sabe que sou super fã dos textos do seu pai e claro serei uma visitante assídua por lá.
Beijos

Dani dutch said...

Lu, estou meio sumida, e passei aqui hj e adorei a "nova cara do blog", eu levanto as duas mãos pra ele, quanta sabedoria heim..bjuss

Vivi said...

Um prazer enorme ter uma pessoa como seu pai no mundo blogueiro Lu :)
Vou correr lá!
Bjokas

Fernando Valente said...

Lí e comentei. Porque Shrek?

Cristiane A. Fetter said...

Bem, acho que todos os Eduardos são muito inteligentes, perspicazes, divertidos, etc., afinal de contas meu filho também se chama Eduardo, rs.
bjks
ps.: adorei o texto