Que sonho

Esse post vai ser loooongo, pois usei seis paginas inteirinhas de um caderno ao escrever esse sonho nele, hoje de manha.

Acordei as 6:50am sem despertador e sem sono. E com uma urgencia de escrever o sonho que acabei de ter pra nao esquecer de nenhum detalhe. Eu normalmente nao esqueco, mas ja que estava fresquinho na minha cabeca...

E olha, ainda bem que Al nao foi trabalhar hoje, pois tinha que levar seu carro ao mecanico... Precisava dele ali quando acordei. Antes de conta-lo aqui, deixa eu mencionar que ja sonhei com acidentes de aviao nos quais eu era a passeira ou piloto e me lembro muito bem da sensacao que sentia ao aviao cair. E tenho sonhado muito com avioes e agua ultimamente, cada um muito diferente, mas que eu me lembre, em toda minha vida, nunca tive um igual a esse de hoje. Vamos a ele:

"Antes de entrar no aviao, me via no quarto ou sala de um apartamento. Sentava na cama ou um sofa grande com o Peanut no meu colo (o cao Pug das minhas irmas). Alguem tinha colocado um soro na patinha dele e eu estava querendo tirar, pois achava que ele ja estava bem. Retirei a agulha e o tubinho com cuidado e ele virou ali de barriga pra cima pra eu fazer carinho na sua barriguinha. Me lembro de fazer carinho no seu rostinho e tinha um outro ali tb que agora nao me lembro bem se era outro cachorro ou uma crianca pequena. Me lembro de ter pensado comigo mesma que eram as duas coisas que mais amava nesse mundo.

Na proxima cena ja me vi dentro de um aviao com minha familia, inclusive minha mae. Sentavamos numa fileira de 5 cadeiras, do lado da janela e minha irma cacula Laura sentava na janela. Eu estava bem no meio. De repente, notamos que algo estava errado e o piloto comecou a falar pra ninguem se preocupar, mas ao falar isso, nos demos as maos e comecamos a chorar, pois sabiamos que o aviao estava caindo. E caindo muito rapido, sabiamos que iamos morrer e nao tinha jeito. A sensacao de espera ate isso acontecer era agoniante, poderia ser a qualquer momento. Olhava pra janela e via as luzes dos predios iluminados naquela noite se aproximando numa velocidade sem igual e de um segundo pro outro, ja me vi em outro lugar.

Nesse lugar agora, era de dia e estavamos alguns de pe e sentados numas mesas e cadeiras de barzinho ali na calcada. O dia estava nublado. Eu estava meio sem saber o que tinha acontecido ate que me lembrei do aviao caindo. A fixa ainda nao estava caindo, mas foi tudo muito rapido e devido a isso, nao me lembro de ter sentido dor nem nada ao morrer. Tinha um rapaz ali de pe do meu lado com um blackberry e pedi emprestado pra ver algo. Ao abrir a internet, vi o noticiario que nosso aviao tinha caido e ninguem tinha sobrevivido. Pronto! Sabia que tinha morrido, mas onde estava? Que lugar era aquele? Todos nos recem chegados estavamos meio confusos.

Meus pais, irmas e eu comecamos a andar calmamente por ali, era uma cidade e teriamos uma vida nova, como se fosse uma cidade pra onde as pessoas iam quando morriam e apesar de nao ver minha mae ali, notava sua presenca (o que era estranho, pois ela ja tinha falecido uns anos antes). Na calcada ali na frente notei cacos de vidro no chao e pisei em alguns e ja que estava descalca, meu pai me levantou por um braco e minha mae pelo outro (como uma crianca) e seguimos em frente. Mais alguns passos e os cacos ficaram pra tras, mas notei que meu pai estava descanso tb e fiquei preocupada. Ele disse que nao se importava, que era meu pai e saberia ligar e aguentar aquilo e sentamos os dois ali mais a frente pra tirar alguns que entraram nos nossos pes (eu tirei 3 do meu).

Alice (minha outra irma), falou super alto emocionada que ja que estavamos mortos, que poderiamos procurar pela minha mae e entramos numa loja pequena de craft e artes pra perguntar se alguem a conhecia. A mulher mentiu dizendo que nao, mas eu via na parede, a ser vendido, um quadros com desenhos que minha mae costumava fazer quando eramos criancas. Bonequinhas e bichinhos que eram unicos dela e sai pra tentar encontra-la. Nao me lembro como isso aconteceu, mas a vi com a idade que tinha quando ela me teve (uns 25 anos) e nos abracamos e choramos, por finalmente estarmos juntas. E ja que a tinha encontrado, resolvi tentar achar minha avo materna tb, mas minha mae disse que se fosse fazer isso, pra nao contar a ela que tinhamos nos reencontrado, pois por algum motivo nao queria ve-la.

Nesse meio tempo, eu estava ficando cada vez mais desesperada querendo entrar em contato com o Al por tres motivos: 1. Eu nao conseguia imaginar minha vida ali naquele lugar novo sem ele do meu lado; 2. Eu conseguia ver claramente o desespero dele ao receber a noticia do acidente do aviao e como estava arrasado e eu queria ir ate ele pra dizer que estava bem; 3. Precisava avisa-lo pra ir ate o aptm cuidar do Peanut, pois ele estava sozinho ali. E eu chorava e me sentia como se estivesse com falta de ar e sentia uma agonia imensa ao pensar que nao o teria mais do meu lado. Meu pai se zangou com essa minha atitude e falou pra eu continuar vivendo minha vida, que agora era diferente, mas Alice retrucou que devia ser dificil mesmo pra mim, pois ja estavamos juntos ha muito tempo.

Dali ja me vi num outro lugar onde tinham um telefone enorme com letras nas teclas envez de numeros. Era pra eu digitar o nome inteiro da minha avo, pra conseguir acha-la, mas nao conseguia digitar e tive que falar. So sei que de repente a encontro e a gente se abraca e agora me via com um homem preto, nem gordo, nem magro, de mais ou menos uns 40 anos com um violao nas suas maos e um bigode ralo. Ele tocava e conversavamos e isso me distraia um pouco.

Ate que ali na televisaozinha do meu blackberry eu via as noticias. Parece que o piloto derrubou o aviao de proposito e foi na Amazonia, apesar de eu ter visto luzes de cidade grande como SP(estavamos quase chegando la). Ele fez isso pra se rebelar contra o governo e nao foi somente um acidente. Via e lia as noticias em tudo quanto eh lugar e comecei a ver os blogs das minhas amigas virtuais tocando no assunto e falando sobre mim. Parece que tinha escrito 3 posts quando estava no aviao, mas o ultimo por algum motivo nao foi ao ar, as pessoas so conseguiam ver que tentei postar e a Beth (web-mae) perguntava o que sera que eu queria ter dito nesse ultimo.

Ao mesmo tempo, comecei a receber mil mensagens no meu blackberry, de pessoas deixando comentarios no meu blog... alguns comentarios de pessoas que sempre o frequentavam, mas nunca tinha deixado uma mensagem antes. Todo mundo estava triste. E eu vendo isso tudo e nao podendo me comunicar.

Perguntei a esse homem quantos anos tinha e ha quanto tempo estava ali. Essa ultima resposta ele enrolou pra dar e em vez disso, respondeu que era filho do famoso artista de Blues chamado BB King (e me lembro de ter ficado surpresa e dizer que Al ia adorar saber que os encontrei ali). Mas queria que ele me respondesse algo que nao queria falar. Precisava que ele me ensinasse a como contatar as pessoas que ficaram pra tras, pois necessitava falar pro Al que eu estava bem. Ele NAO falava.

Entao vi na minha frente um gramado bonito com varias pessoas sentadas emcima de cobertores ali, como se estivessem fazendo um picnic. Avistei uma menina de uns 9 anos e por alguma razao, sabia que ela poderia me ajudar. Ela tinha um cabelo castanho claro comprido e ondulado, olhos verde claros e notei que seus dentes eram tortos. Quando cheguei perto, vi que sua irma gemea estava ali do seu lado direito e sabia que elas eram estrangeiras, pareciam ser da Russia ou Ucrania. A peguei falando que fazia isso o tempo todo, de voltar e se comunicar com os que ficaram, e sua irma a chamou atencao na sua lingua nativa, mas eu sabia que estava dando bronca pra ela nao me contar. Essas meninas ja estavam mortas por 10 ou 20 anos e sabiam fazer isso muito bem.

Implorei pra ela me contar, pois conseguia ver o Al de novo e eu ja estava desesperada. Ai ela comecou a me dizer que isso era algo muito perigoso de se fazer, pois se voce nao tem experiencia e nao sabe usar o poder da mente pra voltar pro meu mundo atual, poderia ficar presa ali pra sempre, mesmo o lugar estando vazio e sem pessoas por perto com quem eu poderia me comunicar. Me lembro de pensar comigo mesma no sonho que entao era por isso que certos espiritos e fantasmas ficavam num lugar so, pois estavam presos ali sem saber voltar. Mas queria tentar de qualquer maneira..."

Foi quando acordei.

Olha, nao fiquei com medo nem nada, mas esse sonho foi muito estranho. As sensacoes de saber que minha vida ia acabar em meros segundos e "acordando" num lugar estranho, sabendo que iria ter que viver minha vida ali sem o Al do meu lado e principalmente vendo as coisas acontecerem com ele e seu desespero ao receber a noticia, me abalaram um pouco. Foram emocoes e sentimentos muito fortes e fui correndo pro seu lado da cama abraca-lo quando acordei sem sono as 6:50am. E foram seis paginas inteirinhas escritas com mais detalhes do que aqui que vou guardar junto com os sonhos antigos que costumava escrever uns anos atras.